Por Fabricia Brito e Toni Edson
Nesse espetáculo, vemos algumas faces de seres humanos e de seres sobrenaturais, num processo contínuo de reconhecimento das dualidades que nos acompanham. Duende e monstro com terríveis intenções podem se mostrar educados e preconizar a boa educação, verdade e mentira num amálgama constante, nos mostram que por vezes, disseminar uma notícia pode ter conseqüências desastrosas. Contos tradicionais, reescritos em português, unidos por uma dramaturgia que gira em torno da vida de uma pessoa, uma Pérola, que representa várias nações, várias mulheres, diversas posturas. Por caminhos cercados de solidariedade, afetividade, sofrimento e solidão, Pérola e seus familiares partem do medo e do orgulho para nos revelar o quanto cada atitude nossa influi na vida que levamos, de maneira bela ou trágica. E tudo isso numa África fantástica, com animais que trazem sábios ensinamentos, seres mágicos com atitudes humanizadas, uma reflexão sobre a importância de ser “bom” num mundo em que muitos só querem levar vantagem.
O espetáculo, concebido e criado em Florianópolis, teve sua estréia na Maratona de Contos de Brusque e espera ganhar asas para circular por esse mundo afora. As histórias, da Argélia, de Angola, da Tanzânia e do Quênia, simbolizam um pedido imanente para serem contadas e ouvidas e esse chamado é concretizado num espaço/tempo justo. Áfricas, seus brilhos, surpresas e desafios, são recontados nesse trabalho pela hábil Fabrícia Brito (Grupo PÓ PATAPATAIO). Uma jornada em que se descobre o poder e a fragilidade do ser humano, envolto por fábula e sobrenaturalidade. O espetáculo conta com canções originais de Toni Edson, que dirige a sessão de contos juntamente com Carol Ferrari (Grupo PÓ PATAPATAIO). É uma trama para se rir, chorar e quiçá descobrir a pérola que existe em nós.